Fernando Sor. Foto extraída do site partituraviolonisticas.blogspot.com |
Deixando o monastério, retornou a Barcelona e iniciou sua carreira musical compondo obras para uma companhia de ópera italiana que lá residia. Em uma biblioteca do teatro encontrou uma ópera intitulada Telémaco, escrita por um compositor chamado Francesco Cípolla, e baseado nesta obra escreveu a sua primeira ópera aos 17 anos de idade, Telémaco em la Isla de Calipso, que lhe rendeu um grande sucesso entre o público. Tal fama levou-lhe à corte de Carlos IV em Madri. Logo, tornou-se mestre da capela particular da Duquesa de Alba e professor de guitarra de sua filha até 1804, quando a Duquesa veio a falecer. Após a morte da Duquesa, “Sor tornou-se músico da corte do Duque de Medinaceli e administrador de seus bens. Sob servidão do duque, escreveu algumas sinfonias, três quartetos para instrumentos de corda e várias canções espanholas.” (Dudeque, 1994 p.63)
Sor serviu o exército como capitão na guerra da Espanha, no entanto, decidiu partir para Paris por volta de 1812, com os partidários do Rei José, após ser acusado de simpatizar com os franceses que invadiram a Espanha nesta época. Em Paris, dedicou-se mais às obras para o repertório guitarrístico. Mais tarde, mudou-se para Londres, onde realizou uma série de recitais de guitarra, destacando sua apresentação no Royal Philarmonic Concerts, se apresentando com a obra Concertante for the guitar with, violin, viola and cello.
Sor compôs também uma série de obras para o balé e óperas. Dentre as obras citadas por Dudeque (1994, p.64) estão: a obra para balé Cendrillon1, em Paris; a ópera cômica La Feria de Smirna; uma marcha fúnebre para a morte do imperador Alexandre e a peça para balé intitulada Hercules et Omphale2, para a coroação do imperador Nicolas, na Rússia; Le dormeur Eveille, em Londres; e Le Sicilien ou l’amour peintre, em Paris, que não obteve muito sucesso entre seu público.
Após estas apresentações retornou definitivamente a Paris, onde iniciou uma grande amizade com outro grande artista e compositor de renome no meio guitarrístico, Dionísio Aguado (1784-1849). Apesar das suas composições para o balé e ópera, suas obras de maior valor são composições para o repertório guitarrístico. No entanto, tais obras tiveram pouco êxito na época, pois Sor as escrevia sempre a quatro vozes, o que as tornava pouco procurada pelos guitarristas da época. Apesar do apreço que se tinha pelo seu talento, Sor viveu sua ultima década em uma situação de miséria, vindo a falecer no dia 10 de julho de 1839.
Suas obras eram influenciadas pelas composições de Joseph Haydn (1732-1809) e Ignaz Pleyel (1757-1831). Dentre algumas de suas maiores obras para violão estão: os Divertimientos para Guitarra Solo3, op. 1, 2, 8 e 13; Fantasías, op. 4, 10, 12 e 16; Variaciones, op. 39, 11 e 20; Doce Estudios, op.6; Sonata Grand Solo4, op. 14; Duos para violões como L’Encouragement5 op. 34; Les Deux Amis, op. 41; Divertissement, op. 38; Fantasia, op. 54bis; uma de suas obras mais famosas, Variations sur um thème de Flûte Enchantée de Mozart6, op. 9 e uma das ultimas obras de Sor, o Souvenir de Russie, op. 63. Em 1831, Sor lançou em Paris seu “Méthode pour la Guitare”7, que anos mais tarde foi revisado e publicado por um de seus contemporâneos, Napoléon Coste.
Tecnicamente falando, Sor apresenta certas características em seu “Méthode pour la Guitare”, como a “não utilização de unhas na mão direita, a alternância entre o polegar e o indicador para fraseados melódicos de velocidade e o apoio do dedo mínimo no tampo.” (Pompeo, 2009 p.3)
O trabalho desenvolvido por Sor retirou do atual violão a função de mero acompanhante de outros instrumentos, como o violino e outros do gênero e o pôs como instrumento solo em salas de concerto. Seus estudos para guitarra se tornaram tão efetivos e promissores que surpreendem compositores e violonistas até os dias atuais, como por exemplo, Andrés Segovia. Considerado o pai da guitarra clássica, lançou “Les Etudes pour la Guitare de Fernando Sor”8, uma edição contendo 20 dos estudos de maior destaque de Sor.
Guilherme Munhoz
Referências Audiovisuais
1. Cendrillion (1822) - http://www.youtube.com/watch?v=52t6WCZHwBk
2. Hercules et Omphale (1826) - http://www.youtube.com/watch?v=vsUIMoxHHq8
3. Divertimientos Op.13, No.1 - http://www.youtube.com/watch?v=UTH1CusLcY8
4. Sonata Grand Solo Op.14 - http://www.youtube.com/watch?v=o3_0qkzR6AM
5. L’Encouragement Op.34 - http://www.youtube.com/watch?v=ApSezmgK4EI
6. Variations sur um thème de Flûte Enchantée de Mozart, op. 9 - http://www.youtube.com/watch?v=qwxAILo8TNs
7. Méthode pour la Guitare - http://imslp.org/wiki/M%C3%A9thode_Compl%C3%A8te_pour_la_Guitare_%28Sor%2C_Fernando%29
8. 20 Estudos Fernando Sor (Edição Segovia) - http://www.4shared.com/get/5Ec0miP4/fernando_sor_20_estudios_guita.html
REFERÊNCIAS
1. DUDEQUE, Norton Eloy. História do Violão. Curitiba, Ed. UFPR, 1994.
2. SALDONI, Baltasar. Diccionario Biográfico-Bibliográfico de Efemérides de Músicos Españoles.Madrid, impresa por D. Antonio Pérez Duburll, 1868.
3. AIXALÀ, Roger Alier. L’Òpera a Barcelona: origens, desenvolupament i consolidació de l’òpera com a espectable teatral a La Barcelona Del segle XVIII. Institut D’Estudis Catalans. Barcelona, 1990.
4. POMPEO, Nola Casal. Ensaio sobre Peso, Leveza e MA: a Formação de Sentido a partir de uma Leitura dos Métodos de Violão de Brindle e Sor. TCC apresentado na UFMS. Campo Grande, 2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário