George Friederic Haendel, nasceu em 1685 na cidade de Halle na Saxónia. Conseguiu destacar-se entre os grandes compositores de ópera do seu tempo, apresentando suas óperas nos grandes centros como Alemanha e Itália. Em 1711 Haendel recebeu um convite para apresentar a ópera Rinaldo, na Inglaterra, onde “ele esteve paradoxalmente como um autêntico representante da arte Italiana.” (Bukofzer pg 324).
Com o crescente interesse do público inglês pela ópera italiana, alguns nobres fundaram a Royal Academy of Music (1718-1719), uma sociedade, que tinha como objetivo, apresentar ópera para os ingleses. Haendel, Giovanni Bonocini (1670-1747) e Filipo Amadei (1690-1730) foram contratados para compor as óperas. Durante o período mais próspero da Royal Academy of Music, Haendel escreveu algumas de suas melhores óperas, como Radamisto (1720), Ottone (1723), Giulio Cesare (1724), Rodelinda (1725) e Admeto (1727). Durante este período Haendel enfrentou serios problemas devido a alguns desentendimentos entre dois de seus cantores, que culminou em uma briga durante uma apresentação.
[...] “houve na ópera grandes distúrbios, causados pelos partidários das duas famosas damas rivais, Cuzzoni e Faustina. A contenda, de início, foi travada apenas com assobios de uma lado e palmas do outro, mas decorrido algum tempo os adversários passaram aos miados e a outras grandes indecências. E, muito embora estivesse presente a princesa Carolina, não houve respeito que contivesse a grosseria dos contendores.”(Graut e Palisca pg 459).
Escrever ópera Italiana para o público londrino fez com que Haendel tivesse bastante cuidado na escolha dos libretos.
“o fato de as obras se destinarem a um público que não entendia o Italiano exigia-lhe que tivesse em mente o elenco que poderia reunir para uma determinada ópera, pois os Londrinos estavam mais interessados em ouvir determinados cantores do que propriamente no tema ou no enredo.(Graut e Palisca pg. 463).
Em suas óperas Haendel abordava diversos assuntos, que freqüentemente também eram utilizados pelos compositores daquele período, eram aventuras, histórias de magia e algumas adaptações de cenas da vida de alguns heróis de Roma. As formas musicais também eram as mesmas utilizadas durante o século XVIII.
“Ao longo de toda sua carreira Haendel permaneceu essencialmente fiel as formas básicas da ópera seria: recitativo, arioso, ária e duetos ocasionais e conjuntos maiores para solistas. Apenas em um aspecto ele transcende a ópera convencional, isto é, na criação da grande scena dramática. A grande scena é um complexo musicalmente continuo em que os recitativos secco e accompagnato alternam com Arias ou mesmo fragmentos em uma sessão livre, ditadas apenas pelas exigências dramáticas de cada situação.”( Bukofzer pg 327).
Essa relação contrastante entre os recitativos e as Arias, pode ser vista, embora em menor proporção, em Giulio Cesare ( III acto, cena 4).Ex.1
“Nesta cena César surge numa praia depois de ter fugido a nado das tropas inimigas, A cena começa com um ritornello, descrevendo a brisa marinha a que César se dirige na sua ária, mas este é interrompido por um recitativo com acompanhamento de cordas. Nesse recitativo César faz um balanço da situação, perguntando, em tom sobressaltado: <<Para onde irei? Quem me ajudara? Onde estão minhas tropas?>> Cada pergunta é sublinhada por notas pontuadas nas cordas, produzindo um efeito de uma fanfarra dissonante e distorcida. Voltamos depois a ouvir por instantes o Ritornello, antes de César iniciar sua ária, Aure deh per pietà (<<Brisas por amor de Deus>>), acompanhada pela música da brisa. Após a secção intermédia,onde seria de esperar uma repetição da capo, surge um recitativo acompanhado, ilustrando o momento em que César se apercebe da situação desesperada em que se encontra. Só depois disso é cantado o da capo. Alterando ligeiramente a sucessão convencional dos trechos musicais, Haendel criou uma cena cheia de atmosfera, tensão e realismo.” (Palisca 2007 pg 464).
Com o passar dos anos, o estilo composicional utilizado por Haendel, vai, sendo substituído por um estilo bastante utilizado por compositores italianos da época, tratava-se de um estilo mais melodioso, que pode ser visto em Xerxes (1738). Que na primeira cena do I acto, Haendel trabalhou as frases de maneira claramente articulada e homofonicamente acompanhadas. Na terceira cena, a melodia desenvolve-se com frases bem definidas, com um ou outro prolongamento de coloratura. Os violinos e as flautas respondem a melodia da voz em eco e o trecho é encerrado com uma longa recapitulação.
Haendel, assim como outros compositores de sua época, procurava explorar o virtuosismo de seus cantores. Nas óperas de Haendel podem ser encontradas árias com excelentes exercícios de coloratura até canções lentas com uma expressividade um tanto simples, quando comparada com suas composições mais elaboradas. Essa variedade e qualidade encontrada nos processos composicionais das óperas de Haendel, portanto, deram a ele lugar entre os grandes compositores de ópera italiana do inicio do século XVIII.
ÓPERAS (Haendel House Museum) | |||||
Ano | Ópera | Libreto | |||
1705 | Almira, a rainha de castela | F.C. Feustking | |||
1705 | Nero | F.C. Feustking | |||
1707 | Rodrigo | F. Silvani | |||
1708 | Florindo | H. Hinsch | |||
1709 | Agrippina | V. Grimani | |||
1711 | Rinaldo | G. Rossi | |||
1712 | II Pastor Fido | G. Rossi | |||
1713 | Teseo | N.F. Haym | |||
1713 | Lucio cornelio Sillva | G. Rossi | |||
1715 | Amadigi di Gaula | N.F. Haym | |||
1720 | Radamisto | N.F. Haym | |||
1721 | Muzio Scevola | P.A. Rolli | |||
1721 | Floridante | P.A. Rolli | |||
1723 | Otto | N.F. Haym | |||
1723 | Flavio | N.F. Haym | |||
1724 | Giulio Cesare | N.F. Haym | |||
1724 | Tarmelano | N.F. Haym | |||
1725 | Rodelinda | N.F. Haym | |||
1726 | Publio Cornelio Scipione | P.A. Rolli | |||
1726 | Alessandro | P.A. Rolli | |||
1727 | Admeto | ||||
1727 | Ricardo Primo | P.A. Rolli | |||
1728 | Siroe | N.F. Haym | |||
1728 | Tolomeo | N.F. Haym | |||
1729 | Lotario | Salvi | |||
1730 | Partenope | S. Stampiglia | |||
1731 | Poro | Metastasio | |||
1732 | Ezio | Metastasio | |||
1732 | Sosarme | Salvi | |||
1733 | Orlando | C.S. Capece | |||
1734 | Arianna in Creta | P. Pariati | |||
1734 | II Pastor Fido | G. Rossi | |||
1735 | Ariodante | Salvi | |||
1735 | Alcina | L. Ariosto | |||
1736 | Atalanta | B. Valeriano | |||
1737 | Arminio | Salvi | |||
1737 | Giustino | Beregan | |||
1737 | Berenice | Salvi | |||
1738 | Faramondo | A. Zeno | |||
1738 | Xerxes | N. Minato | |||
1740 | Imeneo | S. Stampiglia | |||
1741 | Deidamia | P.A. Rolli |
André Luiz Carvalho da Costa
FONTES E REFERÊNCIAS
BUKOFZER,Manfred F. Music in the Baroque Era – From Montiverdi to Bach. w.w.Norton e Company.Icn.New York 1947.
Candé, Rolande de. História Universal da Música. Tradução: Eduardo Brandão. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 2001.
GROUT, Donald V. e PALISCA, Claude V. História da música ocidental. Tradução: Ana Luiza Maria, Lisboa, Gradiva, 2007.
Seligman, Evaldine R. Understanding the Art of Vocal Embellishment in Haendel’s Ópera Seria. University of Northern Colorado Greeley, CO. 2007.
FONTES ELETRÔNICAS
Cummings,Laurence. Opera synopses. Handel House Museum.
Lobo, Luiz. Handel (O Barroco Protestante). Wooz. Arte e Cultura. http://www.wooz.org.br/musicahandel.htm
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